
Israel aprova acordo de cessar-fogo com Hamas, e reféns devem ser libertados no domingo
- Andre Santos
- 17 de jan.
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O governo de Israel ratificou nesta sexta-feira (17) o acordo de cessar-fogo firmado com o Hamas, após uma reunião do Conselho de Ministros. De acordo com informações do site Axios, a votação terminou com 24 ministros a favor e oito contra.
A decisão final foi tomada algumas horas depois de o Gabinete de Segurança ter recomendado a aprovação do acordo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrentou pressões internas de membros mais radicais do governo que se opunham à trégua, tornando o processo um desafio político dentro de sua própria administração.
Netanyahu anunciou que a libertação dos reféns começará no domingo (19). A primeira fase do acordo contempla a soltura gradual de 33 reféns, com pelo menos três sendo liberados já no primeiro dia.
O acordo também estabelece que Israel interrompa os bombardeios na Faixa de Gaza e liberte centenas de prisioneiros palestinos. Aproximadamente cem reféns, sequestrados durante o ataque do Hamas em outubro de 2023, permanecem sob custódia do grupo.
A identidade dos reféns a serem libertados ainda não foi revelada oficialmente, mas um caso de grande repercussão é o de um bebê sequestrado com apenas dez meses. O Hamas afirma que ele faleceu em um bombardeio, informação que não foi confirmada por Israel.
Na quinta-feira (16), as negociações chegaram a um impasse quando Netanyahu ameaçou recuar, mas as partes finalmente chegaram a um consenso, permitindo o avanço do cessar-fogo e a aprovação pelos órgãos israelenses competentes.
Além do compromisso com a libertação de reféns, o acordo inclui uma pausa temporária nos combates em Gaza, com duração inicial prevista de quatro dias, podendo ser prorrogada se o Hamas continuar libertando reféns em grupos adicionais. A trégua permitirá a entrada de ajuda humanitária, incluindo suprimentos médicos e alimentos, em áreas devastadas pelos bombardeios israelenses.
O acordo é visto como um esforço diplomático apoiado por mediadores internacionais, incluindo Egito, Catar e Estados Unidos, que desempenharam papéis cruciais nas negociações. A expectativa é que o cessar-fogo reduza temporariamente a tensão no conflito, mas analistas alertam que a paz duradoura exigirá soluções mais abrangentes para a crise política e humanitária na região.
Embora a libertação dos reféns represente uma vitória significativa para muitas famílias que aguardam ansiosamente por notícias, há incertezas sobre o futuro do conflito. Netanyahu deixou claro que as operações militares podem ser retomadas se o Hamas não cumprir todos os termos ou se novos ataques ocorrerem.
O impacto deste acordo também é observado com atenção por outros grupos militantes na região e pela comunidade internacional, que busca entender como esse desenrolar pode influenciar futuros esforços de mediação no Oriente Médio. Por ora, a prioridade permanece na segurança e no bem-estar dos reféns e na entrega rápida de ajuda às populações afetadas em Gaza.
A decisão pelo cessar-fogo, embora celebrada por alguns como um passo em direção à redução da violência, gerou divisões dentro de Israel e alimentou debates sobre a estratégia de segurança nacional. Críticos mais conservadores do governo de Benjamin Netanyahu argumentam que a trégua concede ao Hamas um tempo precioso para se rearmar e reforçar suas posições. Por outro lado, defensores do acordo apontam que a prioridade humanitária e a libertação de reféns justificam a pausa temporária nas hostilidades.
Além disso, o cenário político interno de Israel permanece tenso, com o premiê enfrentando desafios para manter sua coalizão de governo coesa. A votação dividida no Conselho de Ministros revelou as fissuras entre as alas mais linha-dura, que pressionam por uma abordagem militar contínua, e as facções mais moderadas, que defendem soluções diplomáticas para aliviar o sofrimento civil.
Internacionalmente, a trégua foi recebida com um misto de alívio e ceticismo. Líderes mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, expressaram apoio ao acordo e destacaram a necessidade de uma solução mais ampla e duradoura para o conflito israelense-palestino. A União Europeia e as Nações Unidas também pediram uma reavaliação das estratégias militares e o fortalecimento de esforços diplomáticos para evitar novas escaladas.
No terreno, a pausa nos bombardeios traz algum alívio imediato para os civis na Faixa de Gaza, onde milhares de pessoas já foram deslocadas e a infraestrutura básica foi severamente danificada. Organizações humanitárias alertam, porém, que a reconstrução exigirá mais do que breves interrupções nos combates — será preciso um compromisso renovado com a paz e a segurança para todos os envolvidos.
Conforme as próximas etapas do acordo se desenrolam, a atenção mundial continuará focada em como ambas as partes — Israel e Hamas — irão cumprir seus compromissos. A forma como o cessar-fogo se mantiver nas próximas semanas pode determinar o caminho futuro das negociações e a viabilidade de uma paz mais estável na região.
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